O bom desempenho do grupo de apoio a Jair Bolsonaro nas redes sociais, apontado como uma das razões de sua vitória na eleição de 2018, não vem se mantendo após a posse do presidente da República. O caso envolvendo suspeitas sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do seu filho mais velho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), colocou os apoiadores do presidente na internet na defensiva.
A rede pró-Bolsonaro já vinha demonstrando perda de fôlego mesmo antes de o “caso Queiroz” ser revelado. Dentre as dez postagens que citam Flávio Bolsonaro com maior engajamento no Facebook nos últimos três dias, seis são de veículos de comunicação repercutindo reportagens do Jornal Nacional, duas são de sátiras críticas à família Bolsonaro e somente duas são em defesa do senador eleito – uma do próprio Flávio e uma da deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), ambas com o vídeo da entrevista do filho do presidente ao Jornal da Record, veiculada na sexta-feira, na qual ele rebate acusações, informa o Terra.
O monitoramento realizado pelo Estadão Dados utilizando a ferramenta Crowdtangle mostra que, após o 2.º turno das eleições de 2018, o engajamento das “bolhas de apoiadores”, muito ativas durante período eleitoral, teve queda em todos os espectros ideológicos.
Por ter a maior e mais volumosa rede, Bolsonaro sofreu a maior queda absoluta. Passou de 7,8 milhões de interações em seu auge, na semana anterior ao 1.º turno, para 1,7 milhão hoje, ou seja, tem apenas 22% da força de antes.
Essa queda é um sintoma de desmobilização de sua estratégia de campanha, desprovida de recursos tradicionais, como tempo de TV e máquina partidária. Entretanto, sua rede voltou a se movimentar intensamente durante a posse, em comemoração e com críticas à oposição. Atingiu uma audiência um pouco maior do que a da vitória no 2.º turno, com 5,6 milhões de interações. Mas, com as primeiras notícias sobre o caso Queiroz ainda durante a transição, a rede bolsonarista se colocou em posição defensiva.
O levantamento realizado pelo Estadão Dados só leva em conta páginas anônimas de apoiadores, e não páginas oficiais. O escopo das oscilações são os últimos três meses. Ainda assim, o engajamento do presidente segue a mesma curva de queda das páginas que o orbitam.
Oposição
Com o fim da eleição, a rede petista foi a que sofreu a maior queda relativa, e tem hoje apenas 3% (foi de 2,3 milhões para 80 mil interações) de seu auge durante o período eleitoral, a semana de meados de agosto do ano passado. Esse grupo petista já vinha sendo “desafiado”, ainda durante a eleição, pelo terceiro campo político nas redes sociais: o grupo de páginas de esquerda não alinhadas com o PT ou que apoiaram candidatos derrotados no 1.º turno, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).
Essa terceira rede está suplantando a presença do grupo petista como oposição ao governo Bolsonaro e nas críticas ao caso Queiroz. Atualmente, ela está em ritmo de recuperação pós-eleição, atingindo os mesmos índices da enfraquecida rede de Bolsonaro. Há um empate técnico: 1,69 milhão de interações ante 1,74 milhão dos bolsonaristas, no período após a divulgação de movimentações “atípicas” de Queiroz.
Durante o período eleitoral essa terceira rede não chegava nem perto do grupo pró-Bolsonaro, seja em tamanho, volume ou influência.
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